sexta-feira, 30 de abril de 2010

O ultimo instante.

 Eu queria escrever delicadezas. Tentar transmitir a loucura da minha lucidez, esse emaranhado de sensações enormes. Não iria falar de paixão e nem inventaria qualquer sentimento para abrilhantar os parágrafos, seria até mais fácil visto que o texto ganharia corpo e minha cabeça flutuaria entre os amores tantos do passado, mas não relataria o que pulsa no hoje. Não relataria a tranquilidade do meu sorriso, a fluidez das tuas palavras e nem aquele verso que paira sobre mim. Queria que você sentisse essa minha embriaguez. É um vão de coisas lindas que me entorpecem ao ponto de consumi-las com os olhos bem abertos, degustando-as com-pul-si-va-men-te. Eu queria que você sentasse ao meu lado, naquela mesma mesa de bar, e pudesse entender que eu poderia repetir ah, se todos fossem iguais a você durante todo o tempo em que a tua companhia me é divina.


 Está difícil, sabe? As frases estão se perdendo em questão de segundos, de uma hora para outra me pego pensando em algo completamente diferente do imaginável, do possível e vou correndo ao encontro do que tenho nas mãos. Aí fico sincera demais, saio falando qualquer coisa que surge de dentro da minha pele repleta de sentir, sem medidas, sem filtro de racionalidade. A embriaguez aumenta e saio andando por linhas deliciosamente tortas. Perco o sentido sentindo o mundo reconfigurar-se através dos meus olhos.

 Sim, eu queria te escrever delicadezas, no entanto, anuncio logo o pedido de desculpas por não conseguir expor um terço do que está em festa aqui por dentro. Estou acumulando a poesia das pessoas, do novembro iluminado, das notícias de última hora e aí, você sabe, chega a minha vez de ficar caladinha, acompanhando o samba. Eu queria te escrever textos e mais textos contando todos os detalhes de qualquer história, páginas e mais páginas com a quantidade de frases que me desse vontade, que coubesse no peito, mas estou quebrando regras, violando acordos e rasgando os planos, mal posso com a tal da coerência.

Hoje, o que me deixa feliz é saber que te ver será, por muito tempo, um fascínio.

Contudo, eu só queria te escrever delicadezas, mas os seus erros repetidos impedem-me de ajudá-la na compreensão. Eu quero gritar ... mas o meu silêncio é por tantas vezes mais forte, bem mais forte!

Créditos: Clara menina clara.

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